Já teve a sensação de não ter enxergado antes o que sempre esteve exposto para você?

Muitas vezes idealizamos o que gostaríamos de ver. Vamos burlando o real com o pincel de nossa ilusão. Pintamos um quadro ideal e quando ele cai, as cores reais mancham a nossa tela mental. Não era violeta? Era azul? O laranja virou marrom? Tons parecidos, mas diferentes.

O curioso é que o real nos é apresentado desde o início, embora tenhamos a convicção de que foi transformado.

É mais provável termos ignorado os sinais. Em geral, o corpo, nossa caixa de ressonância perfeita, emite uma sensação estranha frente a uma demonstração egoísta, uma indiferença, mentira ou resposta atravessada.

Em vez de pararmos para ouvir o que a caixa está ecoando, cuidamos de pensar noutra coisa, de partir para o próximo compromisso do dia, checar as redes sociais. Foco desviado, incômodo dissipado, mas não significa que o real sumiu.

Vai aparecer de novo e voltaremos a tentar reduzir a realidade. Até o universo escolher um modo mais abrupto de impacto.

Mais uma vez, tentaremos justificar o ocorrido ou transferir para nós a culpa total pelo acontecimento. Tudo para blindar a pessoa idealizada. Porém, como desta vez o impacto foi maior, nossa perspicácia também foi afetada.

Algo dentro de nós começa a provocar perguntas mais recorrentes, comparações entre as situações começam a ser feitas.

Não é possível!

Existe uma similaridade entre os comportamentos. Como nunca vimos antes?

É curioso como nossa mente pode nos enganar. Ou melhor, como nossos pensamentos e emoções descontrolados enganam a nossa realidade. Porém, quando chegamos a esta fase da constatação, podemos mudar o nosso jogo. Podemos agir livres de manipulações emocionais, se decidirmos rasgar o véu, ver as coisas como são e resolvermos os desafios com a razão, a consciência.

Se já aconteceu com você a sensação de cegueira afetiva, não se martirize e nem se culpe pela inocência. Agradeça por estar vendo agora a realidade e reinicie sua jornada com olhos, mente e coração mais abertos.

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