Vivemos a realidade em que acreditamos. Não fosse assim, qual a explicação para uma pessoa berrar no meio do shopping, morrendo de medo de cair de um penhasco, sentada com óculos de realidade virtual, num parquinho de diversões?
Ela grita e expõe seu medo aos que passeiam por perto, e por alguns minutos esquece que está com os óculos e que o que está vendo é um desenho animado que ela mesma escolheu.
A sensação de acreditar no irreal da máquina é mais uma prova de que o cérebro não sabe distinguir o que é real ou não. Ele vai no embalo do que apresentamos como verdade.
Fica lógico deduzir, então, que podemos construir nossa realidade. Podemos alterar a forma como vemos nossa vida: forte ou fraco, alegre ou triste, êê Madalena…
Há quem construa tão fortemente a realidade sobre si mesmo, que passa a viver como uma personagem. A pessoa acredita que o que diz é fundamental na vida de todos os mortais. Expressa sempre opinião politicamente correta, pois depende da admiração do público. Mas, como é personagem, é irreal. O que diz não condiz com o que pensa. E vive infeliz com a historinha que contou para si mesma. Acreditou nela e não sabe como sair da teia da imaginação enganosa.
Penso que viver o real é nem dourar a pílula da verdade, nem reduzir-se ao excremento do cavalo do bandido.
Fui testemunha de uma grosseria de um executivo milionário com seu funcionário. Ele foi tão arrogante, que o funcionário poderia ter se encolhido na cadeira e tramado uma forma de matar o cara. Em vez disso, ele riu da situação. Claro, depois que o chefe saiu de perto, pois preza o salário que recebe.
Ele soube ver que a arrogância foi do outro. Deixou que o odor do excremento ficasse no outro. Preferiu seguir com seu riso. E está atento a outras oportunidades melhores de trabalho, pois ninguém de alma pura merece trabalhar com bandido cavalo.
O que chamou minha atenção foi que ele não usou a vitimização, do tipo: “Só aguento esse cara porque tenho que sustentar minha família”. Não. Não teve esse peso. Tem claro em sua mente que a grana é boa para realizar seus projetos, e foca nisso.
O cérebro, por sua vez, direciona mais foco noutras coisas boas e assim ele realiza seus planos. Não é por acaso que coisas boas acontecem aos montes às pessoas que pensam o positivo da realidade.
Por isso, os neurocientistas recomendam tanto para estarmos atentos ao que assistimos, ouvimos e às mensagens nas redes sociais. Sugerem filmes de comédia a quem está com astral baixo, pois a reação do organismo é imediata.
O cérebro acredita que está feliz. E manda mais sinais de alegria. Será por isso que estarmos ao lado de pessoas alegres deixam a gente mais alegre?
Então, se temos a capacidade de alterarmos nosso estado emocional com um simples filme, por que tanta gente opta pelas notícias tristes, violentas, que geram desesperança?
O mesmo poder que o cérebro tem para acreditar na alegria, também tem para acreditar na tristeza, na vitimização. E quanto mais estímulos negativos diários, mais do mesmo virá.
O cérebro está pronto para obedecer aos nossos estímulos. Vamos às escolhas. E sabendo que a realidade não é estática. Basta mudarmos a forma de ver as coisas.