Uma das coisas que mais me emociona é alguém dizer que sente a minha falta. Não sei se é carência afetiva (mentira, sei sim, é carência afetiva), não sei se isso vem da infância, de outra encarnação, ou das decepções que já tive na vida. Sei lá. Só sei que sinto assim. Uma amiga a quem amo muito me disse isto hoje: está sentindo a minha falta. E isso faz com que eu tenha muita vontade de ser rica, de dizer para ela: escolha o dia e a hora de sua viagem, porque sua viagem já está paga. Neste caso, mil e setecentos quilômetros nos separam…
E ainda querem me convencer que dinheiro não traz felicidade. Como não, gente? Se eu tivesse minha amiga aqui e agora ao meu lado, ouvindo e sendo ouvida, olhando nos olhos dela, sem filtros, sem dissimulação, sem querer mostrar uma vida perfeita que não existe, eu seria tão mais feliz…Senti na fala da minha amiga uma vontade de conversar sobre coisas que só eu sei.
Não somos inteiros com todos os amigos. Para alguns, eu sou meu lado esotérico; para outros, tô mais pra tiririca de tão boba; e a outros, até surpreendo. Dia desses, um colega de trabalho ficou surpreso ao ver a inscrição “Solte” na minha tatuagem no pulso. Ele ficou intrigado. “Não consegui entender o que está escrito no seu braço”, disse ele. Eu sorri e tentei explicar o sentido com base na mecânica quântica e que a fiz para lembrar do comando “Solte”: solte o que aprisiona – pessoas, empregos, coisas materiais, falsos amigos, amores inventados. Ele não entendeu…
Voltando à minha amiga, já passamos por tantas provas de amizade. Ela já me decepcionou, eu já a magoei. Ah, como sofremos por ficarmos distantes por um tempo, amadurecendo o perdão. Ao nos perdoarmos, ficou a certeza do amor entre nós.
Lembro de como nos conhecemos: situações parecidas, separações conjugais, confusões mentais. Eu, de fato, a amo. Eu só queria que ela soubesse isso. E eu só queria que vocês tivessem algum amigo a quem pudesse confidenciar suas piores versões, seus piores pensamentos, e, ainda assim, esta pessoa dissesse que sente falta de você.
Obrigada, amiga, por me aceitar como sou. E que a gente não demore tanto para falar uma para outra, olho no olho: amo você.