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Alguém disse que estamos a seis pessoas de um contato importante para nós. E não importa a patente. Vai do contratante do emprego sonhado ao diretor da NASA.
Quem contou essa ciranda da sorte eu não sei, só sei que não são cinco ou sete. São seis pessoas.
A estratégia para chegarmos ao ponto “F” é começarmos por fulano “A”, que levará ao “B” e assim vai. O importante é saber construir a teia. Se o foco for o diretor da Nasa (“F”), melhor iniciar a rede pelo amigo nerd da escola.
Se é assim, então temos de repensar a forma como nos relacionamos com todos, pois uma pessoa aparentemente comum pode ter o whats do amigo do amigo do amigo daquele que poderá levar você à lua.
O fato é que todos nós estamos entrelaçados. Vira e mexe, somos indicados e/ou rechaçados por alguém. O melhor é não perdermos a chance de cultivar relacionamentos sadios, pois nunca saberemos quando os ventos soprarão a nosso favor.
Dia desses, fiquei surpresa com uma indicação de trabalho. Partiu de duas pessoas que fizeram parte de uma equipe que coordenei há alguns anos e que hoje estão em posição de liderança noutra empresa.
No dia da reunião para apresentação do projeto, nos divertimos com aquela situação. Os dois que foram chefiados por mim passariam à condição de meus líderes. Que incrível a roda da vida!
Um deles lembrou do dia em que eu o entrevistei para o recrutamento e seleção na empresa onde nos conhecemos. “Você acreditou em mim quando eu tinha pouco para mostrar. Nunca esquecerei”, disse ele, enquanto eu fortalecia minha teia.
A gratidão é um traço nas pessoas que formam redes facilmente. Pessoas gratas gostam de ressaltar quem deu a mão na estrada da vida. E quanto mais agradecemos, mais atraímos situações positivas.
Tem certas pessoas a quem sou tão grata, que nunca terei a sensação de dívida quitada. Por mais que eu retribua, sempre desejarei fazer mais por elas. E aí, elas fazem novamente por mim. E a roda vai girando.
Isso acontece em todas as áreas. Renato Russo sempre fazia questão de dizer nas entrevistas que a Legião Urbana só aconteceu porque o Herbert Viana, dos Paralamas do Sucesso, que vinha de muito sucesso do Rock in Rio de 1985, mostrou as letras dele, um ilustre desconhecido em Brasília, ao diretor artístico da gravadora.
O Herbert já estava no auge da carreira. Mas ampliava sua teia. Ele não só mostrou as canções do Renato, quanto disse para o diretor que aquele compositor de Que país é este era “tudo o que ele gostaria de ser”. Mostrou as letras e entregou uma fita caseira. Em pouco tempo, a Legião era sucesso nacional.
Um amigo desses vale por seis, sem dúvida. Mas, como nem todo mundo tem essa sorte do Renato, vamos todos cirandar.