Dia desses o humorista Ary Toledo, de 85 anos, falou sobre seus projetos de shows. Ele estava numa cadeira de rodas por questões de tratamento dos joelhos, mas foi logo avisando que em breve estaria sem a cadeira. É provisório. Queria mais era falar da temporada que está fazendo para celebrar 60 anos de carreira.
Ary sempre foi referência do humor no Brasil. Do tempo em que se contava piadas pelo telefone. Ligávamos para um determinado número para ouvir uma piada nova a cada dia. Chega aos 85 com 65 mil piadas e algumas tristezas, como a morte da mulher com quem foi casado por 40 anos.
Enquanto ele falava, eu me dei conta dos meus medos relacionados à idade. Tenho medo de não dar tempo de fazer tudo o que tenho vontade. E este medo, que está comigo desde quando eu tinha 17, acentuou-se após a menopausa. Lembro da sensação que tive ao ouvir a médica dizer que “eu estava muito na menopausa”.
Nunca havia conversado sobre isso com minha mãe e nem com amigas. Não era assunto que pairava na minha vida. Então, para mim, a mulher que entrava na menopausa ajustava o relógio biológico para o modo decrescente. E eu passei a correr mais para fazer as coisas que ainda queria. Por isso, gosto de ouvir depoimentos de pessoas mais velhas fazendo planos.
O ex-empresário de Elis Regina, por exemplo, Roberto de Oliveira, está com 75 anos e acabou de lançar um documentário sobre o show que ela e Tom Jobim fizeram há 50 anos. Ele estava lá no dia do famoso show e gravou muitas das cenas que estão no filme dirigido por ele. E ele já tem outro filme na fila para dirigir. Aos 75. Isso é fantástico!
A cultura, a ciência, a pesquisa instigam o pensamento, a curiosidade, o desafio e, por isso, é comum encontrar pessoas nestas áreas cheias de projetos e sonhos. O cérebro é estimulado a trabalhar. Tratemos, então, de dar trabalho para nossa caixa pensante e fazer da vida uma jornada divertida e desafiadora. Deixemos para morrer só depois da morte mesmo.
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Citados no texto:
O documentário “Elis & Tom: Só Tinha de Ser Com Você”, de Roberto de Oliveira e Jom Tob Azulay, estreou no circuito comercial no dia 21 de setembro de 2023. O longa apresenta imagens da gravação do antológico álbum que juntou a cantora Elis Regina com o maestro e compositor Antônio Carlos Jobim, ícone da Bossa Nova.
O documentário foi registrado pelo produtor Roberto de Oliveira durante as gravações do álbum, que foi gravado em Los Angeles, nos Estados Unidos, em 1974. Desde então, o material estava arquivado e só alguns trechos eram conhecidos do público.
São mostrados os bastidores e todos os dramas e tensões que cercaram as gravações do álbum, a ponto de o projeto quase ser interrompido. No fim, no entanto, a força da música se sobrepõe e conduz Elis Regina, Tom Jobim e um grupo de jovens músicos talentosos a uma obra-prima.
Fonte: https://bossajazzbrasil.com/agenda-bjb-documentario-sobre-elis-e-tom-esta-em-cartaz-nos-cinemas-brasileiros/
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